[Guest post] No mundo das milhas, pontos e viagens, lutem pelos seus direitos como consumidor
Por ocasião do post envolvendo estranhas “coincidências” da Azul em Viracopos (realocações em outros voos uma semana antes do voo, link), segue o excelente comentário do leitor Rodrigo Resende:
“Há algumas semanas, aconteceu uma nova da Azul comigo, já não bastassem as tantas que já aconteceram.
Há cerca de uns 6 meses, eu havia emitido 5 bilhetes pelo interline da TudoAzul para ir de Dallas para Toronto agora em outubro. O voo pousava em Toronto por volta de 20h.
Eis que o horário do voo da Air Canada foi alterado para chegar lá umas 4h30 depois do horário original, cerca de 1h da madruga, o que me atrapalharia muito os planos de viagem para o dia seguinte, até mesmo porque viajo com uma tia idosa e duas crianças de 12 anos, que têm demandas de sono diferenciadas.
Liguei na Air Canada para pedir realocação para o voo que saia no final da manhã, que era bem mais cômodo para mim. E a cia. aérea canadense me disse que, como o emitente do bilhete era a Azul, esta é quem deveria fazer o remanejamento.
Liguei então na Azul e seu “tripulante” disse que não tinha vagas mais no referido voo. E eu com a tela de consulta do interline aberta. Daí informei que tinha sim, que estava vendo on line. Daí eles mudaram a conversa e disseram que minha tarifa era award e agora só tinha bilhete não award no voo pretendido.
Disse-lhe que a alteração foi unilateral por parte dos fornecedores, então este problema não era eu que deveria resolver, que a Resolução ANAC 400 me dava este direito, bla-bla-bla.
O cara responde que a Resolução ANAC não tem aplicabilidade, pois os voos serão iniciados noutro país. Daí eu respondo que a compra foi feita no Brasil, daí tem aplicação sim – coisa que nem sei se procede, mas na discussão de vale-tudo…
Resultado: o atendente se negou a fazer a mudança, eu pedi para ele abrir um protocolo de reclamação, ele abriu a contragosto e pronto.
Desliguei a chamada e abri uma reclamação no site do consumidor contra a Azul e outra contra a Air Canada. Em dois dias, o problema se resolveu, acho que mais pela postura da Air Canada do que da Azul.
Conclusão
O que extraio de ensinamento desta postura da Azul é que ela SEMPRE dá o “não” como primeira resposta.
A Azul tem uma “dificuldade” enorme de aceitar e respeitar os direitos dos seus clientes e vem sempre com esta balela de judicialização excessiva.
Pergunto: haveria judicialização se as empresas não nos dessem motivos? Claro que não… Para haver um pedido ao Judiciário, deve haver uma causa de pedir e estas sobram no cotidiano de atendimento das cias. aéreas. Atrasos excessivos, cancelamentos, extravios de bagagem recorrentes, realocações indevidas, enfim, que canseira que nos dão…
Por falar em judicialização, há cerca de uns 3 meses atrás, reportei neste honorado site minha saga para recuperar os 427mil pontos que foram saqueados da conta do Tudo Azul da minha mulher.
Adivinhem como consegui resolver: no Judiciário, óbvio.
É certo que o Juiz não concedeu danos morais que eu pedi e as custas para recorrer eram um verdadeiro escracho, cerca de R$1500,00. Mas como a sentença saiu menos de 3 meses depois da ação ajuizada, assimilei a perda e vida que segue…
Enfim, estas companhias aéreas se habituaram a dizem o “não” como primeira resposta, sempre visando aumentar suas margens de lucro, pois sabem que uma pequena parte dos passageiros levará o caso aos sites de reclamação e lamento dos clientes, tipo ReclameAqui, consumidor.gov.br etc.
E uma parte ainda menor levará o caso ao Judiciário. Então, é um procedimento lucrativo dizer o não.
Por outro lado, sabem que o Judiciário (ao menos os Juizados Especiais) condena mesmo, se a demanda estiver bem proposta.
Dica final
Enfim, continuo com meu mantra: quem perdoa fornecedor incompetente é Deus; consumidor não deve relevar jamais. Ou você exerce seus direitos ou as empresas cada vez mais irão pisar-nos a cabeça”.
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Os direitos existem para serem exercidos. É preciso que as cias. aéreas melhorem enormemente a prestação de serviços, sobretudo quando é muito evidente a violação à lei. E, para que essa cultura seja mudada, nós, como consumidores, precisamos valer esses direitos.
Parabéns ao Rodrigo pela postura, e pela mensagem e atitude, que servem de exemplo para que todos nós, consumidores, continuemos a lutar pelo que é de direito.
E você, também teve algum perrengue recente com alguma cia aérea?