A regra de 2 mil pontos All Accor valendo 40 euros durará até quando?
Como vimos no recente caso da ruptura da paridade Santander Esfera com o Iberia Plus, nada é para sempre no mundo das milhas e pontos.
Mudanças sempre ocorrerão, pois o mercado é dinâmico e novidades surgem a todo instante.
Infelizmente, contudo, a grande maioria das mudanças, ao menos no estrito mundo das milhas, pontos e programas de fidelidade, é para pior.
Uma dúvida que tem preocupado os leitores é quanto à possível mudança nas regras de resgates de pontos All Accor.
Como se sabe, 2 mil pontos valem 40 euros, e isso desde há muito tempo.
Contudo, de tempos em tempos o próprio programa da Accor tem sofrido modificações, e vale a pena destacar esses pontos agora.
Saíram os vouchers de papel
Leitores mais antigos devem se lembrar que até poucos anos atrás você precisava imprimir os vouchers em papel.
Isso mesmo, você resgatava os pontos logado na conta, por meio de vouchers que continham um código, e os apresentava no hotel.
A grande vantagem desse sistema?
A possibilidade de uso por terceiros.
Como os vouchers funcionavam como uma espécie de título ao portador, o titular da conta não precisava ser o titular da hospedagem.
Logo, era possível a terceiros usarem os vouchers e, consequentemente, os pontos.
Mas isso caiu, e hoje as hospedagens com pontos devem ser realizadas pelo próprio titular da conta.
Saíram os vouchers em dólares e em reais
Retrocedendo ainda mais no tempo, viajantes ainda mais antigos devem se lembrar de que era possível resgatar os vouchers em reais e, pasmem, em dólares.
E a cotação era muito boa….

Imagina 2 mil pontos valerem quase R$ 360 hoje em dia...
Mas isso também caiu, e hoje o padrão monetário de troca é exclusivamente o euro.
A diferença fundamental entre o All Accor e os programas hoteleiros dos Estados Unidos
Há, porém, uma diferença fundamental entre o programa francês e seus congêneres americanos: não é possível fazer arbitragem dentro do sistema.
O que quero dizer com isso? Simples.
Nos programas americanos, a precificação do ponto não segue um critério fixo, de modo que, a depender do custo da hospedagem em dinheiro em relação ao custo dessa mesma hospedagem em pontos, é possível extrair um valor. maior ou menor, para cada ponto.
Por exemplo, evidentemente é mais vantajoso usar 20 mil pontos IHG num hotel cuja diária é de USD 300 do que usar os mesmos 20 mil pontos IHG num hotel cuja diária é de USD 100.
No All Accor isso não acontece, porque o custo unitário de cada ponto é fixo. 2 mil pontos sempre valerão 40 euros, o que, se por um lado é ruim para o cliente, que não pode fazer arbitragens no valor dos pontos, por outro é bom para a Accor, que não se vê obrigada a pagar mais ou menos euros pelo uso dos pontos, já que eles têm valor fixo.
Conclusão
Não acredito que o fator de conversão atual (2 mil pontos por 40 euros), que é fixo e já dura um bom tempo, vá mudar, pelo menos a curto prazo, pois é justamente esse um dos pontos fortes do programa e que lhe fornece sustentáculo e atratividade para aquisição e retenção de carteira de clientes.
Ainda, o fato de os pontos terem um valor fixo dentro do sistema, para fins de utilização, impede que se possa extrair um valor menor ou valor deles. É impossível, por exemplo, usar 2 mil pontos para extrair um valor de 100 euros de hospedagem.
Além disso, o grupo Accor tem uma presença global muito forte em quase todos os continentes e países (com a notável exceção dos EUA), e seu programa de fidelidade não apresenta tantos benefícios de hospedagem quanto os programas americanos (Hilton, Marriott, IHG etc.), tanto é assim que o All Accor é relativamente pouco comentado entre os blogueiros norte-americanos – muitos considerando o All Accor, inclusive, um programa muito fraco.
De mais a mais, mudanças para pior em programas de fidelidade geralmente estão atreladas a aumento de custos e passivos com a manutenção das regras atuais, e, até onde sabemos, essa sistemática de conversão dos pontos, realizada de forma fixa, não tem causado “incômodo financeiro” à rede hoteleira, senão já teriam alterado essa regra bem antes.
De qualquer forma, é sempre bom ficar com as “barbas de molho” e procurar gastar periodicamente os pontos estocados lá, a fim de evitar surpresas desagradáveis se houver alguma mudança drástica para pior sem aviso prévio.
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E você, acredita que a regra 2 mil pontos = 40 euros vigorará por mais algum bom tempo?