[via Saverocity] Comprando USD 1.700 por uma viagem internacional em primeira classe. E sacrificando USD 52.139 na sua conta de aposentadoria…
Uma discuss?o muito interessante ocorreu na blogosfera norte-americana das milhas e pontos, que considerei oportuna “importar” para o Brasil, at? para demonstrar aos nossos leitores a import?ncia de dar o devido contexto?ao segmento “viagens” dentro de nossa vida, particularmente dentro do contexto de nosso planejamento financeiro pessoal.
Muitos acham – seduzidos pelo marketing barato e inescrupuloso das empresas do setor – que as viagens s?o o “elixir perfeito” para uma vida feliz, conforme j? escrevi em outro post, ent?o, esse post serve como um complemento perfeito para um melhor aprofundamento das reflex?es acerca do tema.
O blog Saverocity publicou um ?timo artigo questionando at? que ponto um voo transoce?nico promocional de USD 1.700 pode ser considerado uma oferta imperd?vel, ainda que em primeira classe. Ele argumenta, com total propriedade, que, primeiro, uma viagem de USD 1.700 n?o tem um custo efetivo total de somente USD 1.700, porque?se devem computar, nos gastos dessa viagem, os seguintes custos m?nimos:
– USD 400 de di?rias de hot?is (3 noites, a USD 125 cada di?ria);
– USD 100 para custos de transportes: casa > aeroporto > hotel > aeroporto > casa;
– USD 200 para gastos com comidas e bebidas (USD 50 por dia).
Dessa forma, uma viagem que aparentemente seria uma barganha por USD 1.700 teria, na verdade, um custo efetivo total de nada mais nada menos do que USD 2.400. E isso sendo bem conservador nas estimativas de gastos.
O que d? pra fazer com USD 2.400?
Al?m disso – e aqui vem o “pulo do gato”, j? que o autor do blog est? se preparando para ser um?CFP – Planejador Financeiro Certificado (grato ao pr?prio Matt pela corre??o! :-)?) – ele demonstra o que voc? pode fazer se tiver?USD 2.400 em sua conta banc?ria:
– Se voc? investir essa grana num plano de aposentadoria privada, com um rendimento anual l?quido na casa dos 8% a.a., e come?ar aos 30, ter?, aos 65 anos, USD 35.489;
– Se voc? tiver 25 anos, e investir num plano privado de aposentadoria durante 40 anos, a uma taxa de juros anual na faixa dos 8% a.a., voc? ter?, em sua conta de aposentadoria, USD 52.139, que pode ser utilizado para cobrir gastos com sa?de ou outras despesas pessoais;
– Se voc? acabou de financiar uma casa pelo valor de USD 300 mil, por 30 anos, com taxa anual de 4% a.a. (sim, nos EUA os juros do cr?dito imobili?rio s?o baixos), voc? ser? capaz de quitar o financiamento 5 meses mais cedo, e ainda economizar (= deixar de pagar) 5.400 d?lares, s? de juros;
– Voc? pode doar esse dinheiro para institui??es filantr?picas, deduzi-lo de seu imposto de renda (sim, no Brasil isso tamb?m ? poss?vel), e ainda por cima fazer a diferen?a positiva para sua comunidade, para o planeta, e ainda receber um incentivo fiscal.
N?o se esque?a… isso ? USD 2.400 por pessoa… sendo que esses n?meros dobram (e, por tabela, as d?vidas tamb?m dobram), se voc? tamb?m estiver pagando a viagem de seu c?njuge ou companheiro(a)…
Imagina ent?o se voc? fizer duas ou mais viagens desse naipe por ano… os seus custos quadriplicam, e voc? vai “matando” sua sa?de financeiro aos poucos…
“Mas com as viagens eu ganho mem?rias!”
Esse ? o argumento mais esfarrapado que eu leio e ou?o, que vem geralmente acompanhado de?outro: “e se eu morrer amanh?? De que adianta ter economizado tanto?“.
O argumento n?o se sustenta por um motivo bastante simples: voc? n?o vai morrer logo. Pelo contr?rio, as chances apontam no sentido de voc? viver muito, e muito mais do que voc? imagina.
O colega da blogosfera financeira Pobret?o de Vida Ruim utiliza argumentos bastante fortes nesse sentido, num post recente que publicou em seu blog:
“Voc? n?o vai morrer. Voc? ficar? vivo. Voc? chegar? aos 35 anos. Mais r?pido do que pensa. Quanto mais velho ficar, mais riscos correr? de n?o ter tempo de virar o jogo da vida caso fa?a besteira?nos 20 anos. Voc? poder? ser aquele trint?o retardado que n?o tem grana nenhuma, mas sim um monte de lixo imobilizado e um monte de baladas e viagens que s?o s? mem?rias. Mem?rias que n?o enchem barriga e n?o fazem sua vida melhor. Ouviu?”
Reveja suas prioridades
Quais s?o suas prioridades na vida? ? sempre bom rev?-las de tempos em tempos, at? como forma de ajustar seus comportamentos di?rios dentro do quadro mais amplo, da “big picture”, como os norte-americanos gostam de dizer.
Quitar os d?bitos do financiamento imobili?rio, investir em?seu plano de aposentadoria financeira, economizar para a faculdade dos filhos etc., devem estar no topo de sua “lista de prioridades”, simplesmente porque produzem os melhores benef?cios a longo prazo.
Portanto, n?o se deixe levar pelas vozes da emo??o quando se trata de planejar suas viagens.?Isso pode lhe custar mais caro do que voc? pensa.